terça-feira, 26 de junho de 2012

Telespectadores não se interessam pelas eleições, emissoras seguem o caminho

Em outubro de 2012, os eleitores brasileiros vão eleger prefeitos e vereadores exercendo o poder democrático do voto. E em mais um ano eleitoral, as emissoras de TV estão preocupadas em como estancar a queda de audiência com a exibição da propaganda eleitoral gratuita e obrigatória, em dois horários de sua grade. Na TV, são 50 minutos as 13h e as 20h30. O fato é que o brasileiro não se interessa, não entende e não faz questão de discussões políticas, pois o senso-comum é de que no final das contas, todos vão acabar no mesmo saco da corrupção e das falsas promessas.

As emissoras costumam "penar" para manter seus índices no período da propaganda eleitoral na TV. Tomando como exemplo a novela "Avenida Brasil" que normalmente marca entre 39 e 41 pontos, recebendo do "Jornal Nacional" uma média de 30 a 34 pontos. Com o "Horário Político" a novela terá que recuperar seu público de uma média de 3 a 5 pontos (pra ser muito otimista). As outras emissoras sofrem ainda mais e como um programa puxa o outro, o "buraco" acaba atrapalhando toda a seqüência.

O fato é que a maioria esmagadora desliga a TV na hora que o programa eleitoral começa. Hoje, com as novas tecnologias, certamente a internet deve atrair este público e os canais de TV por assinatura ganham audiência nestas faixas. O preocupante é que eleição no Brasil é uma desmotivação geral, por todos os problemas que nosso sistema causa e gera a sensação de que tudo é uma perda de tempo.

As redes estão preocupadas em estancar seus prejuízos e poucas se interessam em oferecer um debate entre os candidatos, porque o telespectador simplesmente não se interessa. Os debates são um fiasco de audiência – mesmo os que reúnem os presidenciáveis. O modo engessado como ele se apresenta, as discussões e temas que normalmente não são entendidos pelo grande público afastam as pessoas da frente da TV. A Rede Globo até tentou inovar o gênero nas três últimas eleições para presidente, usando uma arena, perguntas da internet e do platéia, mas as limitações permanecem.

É preciso encontrar um caminho para o debate na TV que não seja a chatice de um mediador controlando o tempo de cada candidato falar e indicando temas complicados e que no final das contas faz o público ficar sem saber quem realmente se saiu melhor. É lógico, que apesar dos baixos números, as emissores precisam prestar este tipo de serviço a população. Não dá audiência, mas dá prestigio.

A cobertura das eleições costumam ter programas especiais no período. A Band e a Rede Globo já anunciaram pacotes com reportagens especiais, entrevistas, debates e cobertura em tempo real no dia da votação. Os debates também já estão agendados, incluindo ai Record e SBT em âmbito nacional. Mas ao assistir um programa deste, por mais interessado que o telespectador seja, é cansativo o falatório que segue em círculo. Seria mais interessante tirar os candidatos de cima do pedestal de político e colocá-lo como reflexo do público.

No Brasil, os políticos aparecem na TV com uma "armadura" que o torna diferente do telespectador (o eleitor). Por menos inteligente e preparado que ele venha a ser, sempre vai surgir com um terno e pose que mostra justamente o contrário. Enfrentar jornalistas engessados e com perguntas previsíveis é fácil, mas quem sabe se os candidatos visitassem atrações mais populares como o "Domingão do Faustão" ou o "Caldeirão do Huck", o telespectador começasse a achar tudo menos chato e prestasse mais atenção ao assunto. Não é a melhor alternativa, mas ao menos os colocaria num campo em que eles teriam que ser mais povo e menos demagogos.

Fonte: www.bahia247.com.br/ 31 do 05 de 2012 às 01:43 Daniel Sena_ Bahia 247

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