quinta-feira, 12 de setembro de 2013

As minhas leituras me fazem refletir.

Quanto mais me afago
Nas leituras dos livros
Relendo suas páginas
Vasculhando os arquivos
Menos entendo este mundo
Cheio de dores e lutas
Com tantas hipocrisias
E verdades ocultas
Quanto mais estudo
Dando toda importância
Descubro cada vez mais
A minha grande ignorância
Quantos mistérios existem
Nesse mundo a desvendar
Por tudo que existe
Entre o céu e o mar?
 O conhecimento é assim
Como uma fonte eternizada
E o que mais aprendemos
É que não sabemos de nada.
(ALMEIDA, A. de Souza, 2004, p. 27).

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

" Mas que coisa é o homem ? "

Mas que coisa é homem,
que há sob o nome:
uma geografia?
um ser metafísico?
uma fábula sem
signo que a desmonte?
Como pode o homem
sentir-se a si mesmo,
quando o mundo some?
Como vai o homem
junto de outro homem,
sem perder o nome?
 [...]
Como se faz um homem?
 [...]
Quanto vale o homem?
Menos, mais que o peso?
Hoje mais que ontem?
Vale menos, velho?
Vale menos, morto?
Menos um que outro,
se o valor do homem

é medida de homem?
Como morre o homem,
 [...]
Como vive o homem,
se é certo que vive?
Que oculta na fronte?
 [...]
Por que mente o homem?
mente mente mente
desesperadamente?
 [...]
Para que serve o homem?
para estrumar flores,
para tecer contos?
para servir o homem?
para criar Deus?
Sabe Deus do homem?
E sabe o demônio?
Como quer o homem
ser destino, fonte?
Que milagre é o homem?
Que sonho, que sombra?
Mas existe o homem?

 Fonte : COUTINHO, Afrânio. (Org.) Carlos Drummond de Andrade: obra completa. Rio de Janeiro: Companhia Aguilar Editora,1964, p. 302-303. Fragmentos.