terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Fwd: O fundo da folia

04 de março de 2010
O fundo da folia




Dez dias após o carnaval, resolvi mergulhar com dois amigos na área do Farol da Barra para confirmar a notícia de que havia uma quantidade absurda de lixo espalhada pelo fundo do mar naquela área.



Mesmo com a água um pouco suja por causa das chuvas do dia anterior, logo identificamos o local. Na verdade o lixo não estava espalhado, mas concentrado em um canal provavelmente em razão do movimento das marés. Uma cena lamentável! Eram pelo menos mil e quinhentas latinhas metálicas e garrafas plásticas.



Da superfície o visual parecia com as imagens áreas que vemos dos blocos de carnaval durante a festa momesca. Só que ao invés de estarem pulando, dançando e se beijando ao som frenético e ensurdecedor dos trios elétricos, os foliões do fundo do mar estavam rolando de um lado para o outro numa mórbida coreografia, empurrados silenciosamente pelo balanço do mar, sem dança, sem alegria, sem vida e sem poesia.



Assustados, decidimos não retirar o material naquele dia na esperança de tentar sensibilizar algum veículo de comunicação para fazer uma matéria com imagens subaquáticas. A intenção era compartilhar aquela agressão carnavalesca com nossa população e os donos da folia.



Fizemos contato com pelo menos três emissoras e todas pediram que enviássemos e-mails com fotos, o que fizemos imediatamente. Aguardamos respostas por dois dias e como não tivemos qualquer retorno, optamos por retirar o lixão de lá para evitar maiores danos.





A bem da verdade estávamos super desconfortáveis com nossas consciências por termos testemunhado aquela cena e deixado para resolver o problema dias após. Mas tínhamos que tentar a matéria para que a ação não se resumisse somente à coleta do material.





Tínhamos em mente que a repercussão sensibilizaria os empresários e artistas do carnaval, os órgão públicos, a imprensa, as empresas financiadoras e nossa gente. A tentativa foi boa, mas não rolou…



Fomos então, no terceiro dia após o primeiro mergulho, retirar o material. Antes, porém, fiz questão de chamar um amigo que tem uma caixa estanque para filmarmos a ação e guardarmos o documentário visando trabalhos futuros e até mesmo a matéria que queríamos na TV.



Sem cilindro de ar e contando apenas com duas pranchas de SUP (Stand Up Paddle) e alguns sacos grandes, éramos quatro mergulhadores ousados retirando do fundo do mar tudo o que podíamos naquela tarde.







Pouco antes de o sol se pôr conseguimos finalmente colocar todo o lixo na calçada.
Muitos curiosos, inclusive turistas, olhavam intrigados a nossa atitude e a todo o instante nos questionavam sobre a origem daquele resíduo. A resposta estava na ponta da língua: Carnaval!



Vou logo informando aos amigos leitores que não sou contra o carnaval, muito pelo contrário, sou fã por diversos motivos, mas acho que a realidade da festa não guarda a menor relação com as belíssimas cenas, as informações rasgadas de elogios e a excessiva euforia amplamente divulgada pela mídia.
Sei que o comprometimento com os patrocinadores e aquela velha guerrinha de vaidades contra os carnavais de outros estados como Pernambuco e Rio de Janeiro, acabam conspirando para isso. Mas vejo aí um modelo cansado, super dimensionado, sem inovações socialmente positivas e remando na direção oposta ao desenvolvimento sustentável da nossa cidade.
Aquele lixo submarino é um pequeno sinal deste retrocesso. Pior, patrocinado solidariamente pelos grandes empresários, artistas e principalmente pelo poder público que tem o dever de melhorar nossa segurança, nossa saúde e educação.







Aproveito o embalo para incluir indignação semelhante sobre os eventos realizados na praia do Porto da Barra durante o verão.
O "Música no Porto" e o "Espicha Verão" não tem trazido nada de bom para nossa cidade, além da oportunidade de vermos ótimos artistas de perto e de graça. De resto, o lixo, o mau cheiro, a degradação ambiental, o xixi pelas ruas, a impressionante quantidade de ambulantes amontoados por todos os espaços públicos e a agressão aos patrimônios históricos, são um grande "pé no trazeiro" do turista de qualidade.







É o mesmo que olhar para uma bela maçã com a casca brilhante e aspecto suculento, porém, apodrecida por dentro…
Naquele final de tarde acabamos contemplando um por do sol diferente. O monte de lixo empilhado na calçada do Farol da Barra virou atração. E como Deus é grande, fomos brindados com a presença de valorosos catadores de rua para finalizar a limpeza.



Desta ação, além das ótimas imagens documentadas em vídeo, resta orar para que os donos do carnaval, dos eventos no Porto da Barra e nossos queridos foliões se toquem que algo tem que mudar.



O fundo do mar não merece aquele bloco reluzente e, ao contrário do asfalto, o oceano costuma revidar violentamente as agressões sofridas.
Não tem alegria alguma no fundo da folia!



Galeria de fotos
Slideshow
Fotos: Francisco Pedro / Projeto Lixo Marinho - Global Garbage Brasil

Fotos do Espicha Verão: Manuela Cavadas e Luciano da Matta / Agência A Tarde

domingo, 29 de janeiro de 2012

Copa da Africa do Sul 2010

ÁFRICA DO SUL
O PAÍS DA COPA DO MUNDO 2010

Localizando, e informando sobre a África do Sul:

• A África do Sul, oficialmente República da África do Sul, é um país
situado no continente africano.
• Onze línguas oficiais são reconhecidas pela Constituição do país.
• Cerca de um quarto da população do país está desempregada e vive com
menos de US$ 1,25 por dia.

Um breve histórico da África do Sul:

• Pré-história : A região do território atual da África do Sul recebeu
a colonização do povo Khoisan que eram caçadores e coletores.
• Época Pré-colonial (do século I ao XIV)
• Período colonial : 1488 a 1961
• 1994 fim do Apartheid
• 2010 um dos maiores eventos esportivos do mundo foi realizado na
África do Sul .

A copa do mundo da FIFA na África do Sul 2010

• O governo sul-africano investiu, junto com a iniciativa privada,
bilhões de dólares da infraestrutura do país.
• A África do Sul também passou a ser mais conhecida no cenário mundial.
• A Copa do Mundo custou cerca de 55 bilhões de rands (US$ 7,3 bilhões).
• A FIFA arrecadou US$ 3,2 bilhões em renda com o evento, sem pagar um
centavo sequer em impostos ao país sede.

O pós Copa do Mundo

• Fim da Copa devolve África do Sul à sua realidade de pobreza e
violência (ressaca).
• O fim da Copa deve intensificar os confrontos. Pelo menos 130 mil
empregos temporários criados para o Mundial deixaram de existir.
• Os estádios? Estão sendo usados? Ao todo foram dez para o evento.
Quatro reformados e seis construídos especialmente para a Copa.

Perspectivas para o futuro da África do Sul


• Dentro do cenário mundial a África do Sul poder ser vista como uma
experiência
• Apesar das diferenças de desigualdades existentes há uma forte
expectativa de mudanças
• África do Sul representou para o continente um ícone de luta

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Primavera baiana

PRIMAVERA BAIANA - Antonio Risério




Embora o meu sentimento seja de urgência, quero conversar com calma, que o assunto é sério: Salvador.
Numa de suas peças de teatro, Shakespeare faz a pergunta fundamental: “O que é a cidade, a não ser as pessoas?”. E me lembro disso porque nesta semana um amigo me disse, em tom de quase desencanto: “Nosso maior problema, em Salvador, é que não sabemos nos ver como cidadãos”. Está certo. E, neste sentido, o maior problema atual de Salvador somos nós mesmos. A cara de Salvador não pode ser a da “grand vendeuse”, a da balconista-mor Ivete Sangalo, em pose autoritária, dizendo a frase imbecil: “Quem tem força, tem preço”. Em Salvador, hoje, devemos dizer coisa bem diferente: precisamos levantar a cabeça, recuperar a disposição, buscar o entusiasmo, nos mobilizar para dizer, alto e bom som, que não aceitamos o que estão fazendo com a nossa cidade. Chega de passividade. Se o que está acontecendo com Salvador (avacalhação e destruição da cidade) estivesse acontecendo em Porto Alegre, Curitiba ou São Paulo, não tenham dúvida: gaúchos, curitibanos e paulistanos teriam subido nas tamancas e saltado na goela da prefeitura.
E nós, não vamos fazer nada? Felizmente, parece que sim, que é possível. As pessoas começam a protestar aqui e ali. Exemplo disso, entre outros, foi o artigo que Fredie Didier Jr. publicou neste jornal, no domingo passado. “Salvador não passa por um bom momento histórico”, escreveu Didier. “Não falo da crise em sua monumentalidade: Pelourinho abandonado, metrô inacabado, ruas sujas. Embora grave, este tipo de problema é de solução mais fácil. Não me refiro, igualmente, à violência que nos assola. A violência impressiona, mas não destoa do que acontece em outras metrópoles. Falo de outra espécie de crise, mais profunda e de efeitos mais deletérios. Salvador está em crise existencial”.A cidade apequenou-se, conclui Didier. Para, então, incitar: “Temos de retomar a nossa caminhada e refundar a cidade. Dar início a uma espécie de Renascença baiana”. Mais: “Salvador merece que façamos tudo isso por ela e a gente merece voltar a sentir orgulho da nossa cidade”. Perfeito. Já um outro amigo meu, apropriando-se da expressão hoje em voga para falar das grandes transformações que rolam no mundo árabe, me apareceu com uma frase ótima: “Precisamos promover alguma espécie de primavera baiana”. Sim, acho que está mais do que na hora de começar isso. É claro que não se trata de nenhuma comparação com o Oriente Médio. O que queremos é dar um jeito na cidade.
Salvador sofre, hoje, com uma coincidência infeliz: uma desprefeitura que mescla estupidez e incompetência e um governo estadual omisso diante dos problemas da cidade (e, como me diz ainda um outro amigo: “Menos com menos só dá mais na abstração matemática; na vida real, menos com menos dá menos ainda”). Mas não estamos condenados a assistir a isso sem dizer ou fazer nada. Em nome de nossas melhores tradições contestadoras, estamos na obrigação de nos mobilizar.
Podemos, sim, promover uma primavera baiana. Basta querer. Somar as nossas vozes nessa direção. Na mídia tradicional e na internet. Em blogs, no facebook, no twitter. Vamos bater na mesa e dizer que cidade nós queremos. Salvador, hoje, não é somente uma cidade abandonada, que está sendo progressivamente destruída. Mais que isso: é uma cidade humilhada. E não temos razão alguma – existencial, cultural, política ou histórica – para engolir esta humilhação. A hora é de aglutinar protestos isolados, manifestações soltas, vozes pontuais. Ou nos aproximamos e batemos na mesa, para reverter a situação atual e escorraçar a estupidez e a inércia, ou a cidade vai naufragar de vez.
É hora de Salvador voltar a ser ativa, altiva e criativa – como já foi em outros momentos. Em nossa história, temos diversos exemplos de enfrentamento e superação de reveses e crises. Não é agora que vamos nos comportar frouxamente, como se esta cidade fosse uma cadela trêmula, com o rabo entre as pernas – e não o lugar onde teve início a aventura civilizacional brasileira.
 
Antonio Risério


Escritor

ariserio@terra.com.br

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Como seria o “mundo perfeito” ? Ele é possível de existir num mundo globalizado?

[...]


Quem me dera, ao menos uma vez,

Provar que quem tem mais do que precisa ter

Quase sempre se convence que não tem o bastante

E fala demais por não ter nada a dizer.

Quem me dera, ao menos uma vez,

Que o mais simples fosse visto como o mais importante,

Mas nos deram espelhos

E vimos um mundo doente.

...

Quem me dera, ao menos uma vez,

Acreditar por um instante em tudo que existe

E acreditar que o mundo é perfeito

E que todas as pessoas são felizes.

[...]

( “Índios” de Renato Russo)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Lista Suja do trabalho escravo tem 11 fazendas da Bahia


Mais de 120 anos depois do fim oficial da escravidão no Brasil, 11 propriedades rurais da Bahia foram enquadradas na chamada Lista Suja do trabalho escravo, elaborada a cada seis pelo Ministério do Trabalho e Emprego.




Os nomes das responsáveis com os respectivos dados do CNPJ/CPF/CEI foram divulgados nesta quinta-feira (5) no site institucional do Ministério. As fazendas ficam localizadas nos municípios de Formoso do Rio Preto, Santa Rita de Cássia, Tanguá, Correntina, São Desidério, Barreiras, Jaborandi e Sebastião Laranjeiras.



Em todo o Brasil, foram registradas 294 propriedades, número que superou todos os recordes desde 2004, quando a lista foi criada. O levantamento serve como um ferramenta para coibir a prática da escravidão no país.



Com o relatório, todas os proprietários ficam impedidos de obter empréstimos em bancos oficiais e passam a fazer parte da lista das empresas da cadeia produtiva do trabalho escravo. Além disso, os dados são usados por indústrias, pelo varejo e por exportadores para a aplicação de restrições e para impedir a comercialização dos produtos oriundos destes lugares.



“Nunca tivemos tantos empregadores irregulares ao mesmo tempo. Isso porque também estamos atuando no trabalho escravo urbano, uma vez que há empregadores infratores também nesse meio. Nosso compromisso em 2012 é intensificar a atuação nessa área”, afirmou Alexandre Rodrigo Teixeira da Cunha Lyra, o chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo do MTE (Detrae).



Pesquisas



As novas inclusões foram efetuadas com base em pesquisas realizadas no Sistema de Acompanhamento de Combate ao Trabalho Escravo (SISACTE), nas consultas no Controle de Processos de Multas e de Recursos (CPMR) e no Setor de Multas e Recursos (SEMUR) das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego - (SRTE), além de consultas a banco de dados do governo federal, como o da Procuradoria da Fazenda Nacional. (Correio)

Fonte: Site Valter Vieira
http://pagina50.blogspot.com/2012/01/lista-suja-do-trabalho-escravo-tem-11.html